Levantamento realizado pela Estratégia Saúde da Família (ESF) em Jardim de Piranhas, no Seridó potiguar, observou que a maior causa de mortes no município está relacionada a problemas no aparelho respiratório, responsável também pelo surgimento ou agravamento de muitos problemas cardíacos da população. Parte disso está relacionada ao hábito de fumar.
Para combater este problema, a Prefeitura criou o projeto Tabagismo é possível vencer', seguindo protocolo do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, e tem alcançado resultados acima do esperado. Segundo a ESF, desde 2016, quando a ação foi iniciada, cerca de 60% dos participantes estão conseguindo deixar o cigarro.
De acordo com George Pereira, coordenador da Estratégia, três grupos já foram formados, com cerca de 50 participantes cada. "São pessoas comuns que se interessam pela discussão e se inscrevem no projeto, interessados em melhorar sua qualidade de vida", disse.
As pessoas ficam sabendo do projeto através dos Agentes de Saúde que informam a data das reuniões. Nos encontros, a coordenação, formada por um farmacêutico e um psicólogo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), realiza a triagem através de um questionário que detecta o índice de dependência e a vontade do paciente de parar de fumar. O trabalho que dura em média três meses, continua com palestras, apresentação da metodologia, distribuição de adesivos para reposição de nicotina e oferta de tratamento psicológico para aqueles que precisam.
Mais de 150 pessoas já participaram das palestras. Dessas, 67 iniciaram o tratamento, sendo que mais de 70% chegaram até a última sessão. Dos que ficaram, aproximadamente 60% mantiveram a abstenção por mais de 60 dias, o que representa um grande avanço neste trabalho.
"Trabalhar com dependência química não é tarefa simples. O cigarro proporciona um grau de dependência semelhante ao de outras drogas como crack e heroína, contando com um adicional que dificulta o trabalho por se tratar de droga lícita", disse o farmacêutico Bernardo Bien, um dos responsáveis pela execução do projeto.
A dona de casa Geralda Gercina Maia, 57, fumou por mais de 30 anos, mas está conseguindo se livrar do vício graças ao projeto. "Eu tinha muita vontade de deixar, mas não conseguia. Depois de uns dois meses acompanhando as palestras, parei de fumar e agora já se passaram cinco meses. Ainda sinto vontade, mas não quero mais", disse.
Ana Lúcia de Araújo, 50, foi outra que fumou uma carteira de cigarros por dia durante 30 anos. Tentou parar diversas vezes, mas sempre reincidia. "Tentei me encaixar em um grupo de Caicó, mas não fui aceito. Quando soube desse trabalho aqui em Jardim, corri para me inscrever e já faz seis meses que não fumo. Depois do tratamento, ainda senti vontade de fumar, mas resisti e hoje não sinto mais falta", completou.
Para a secretária de Saúde de Jardim de Piranhas, Dayse Queiroz, esse é um trabalho muito importante, mas bem difícil, porque exige muito esforço da parte daqueles que procuram ajuda. "Alguns desistem, mas aqueles que realmente querem parar de fumar estão conseguindo graças à sua força de vontade", explicou.